segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Texto de Pedro Barroso


Santos Silva quer que «alguém envie para Belém» a canção Acordai.

...seja pela inconveniência, pela quebra de protocolo, seja até pela própria desafinação motivada pelos nervos dos contestantes, a Grândola tem sido de novo emblema e de novo musicalmente estropiada, por grupos de bem intencionadas pessoas, que com isso pretendem preparar o advento de uma-qualquer-coisa-que-não-sabemos mas vai ter que surgir. E vai acontecer, estamos certos.
Habituado a mandar por decreto, agora o sempre-ex-ministro-de-alguma-coisa dá recados urbi et orbi... e ordena-nos, muito revolucionário, que alguém o faça.
...pois bem. Na minha qualidade de músico veterano sugiro que ele próprio o faça. Que vá ele; e cante. Mal, mas cante.
Só que a vida está tão difícil aqui para este lado, com tanta falta de contratos decentes, que eu prontifico-me, mediante uma verba a combinar - de acordo com as suas modestas posses de profissional da política há 40 anos - a dar-lhe umas breves noções de colocação de voz e solfejo, pois a partitura do meu conterrâneo Graça é, como sempre, exigente. E o provecto presidente - coitado, provavelmente já falecido ou retirado, não sabemos... - pelo menos acordaria sem gritarias e desafinações desordenadas.
Mas se, com isto, V.ª Ex.ª julga que nós já esquecemos o autismo socrático com que fomos derrubados, pela triste realidade de os cofres estarem rapados e não haver taco nem para pagar à PSP, nós não esquecemos.
Vocês foram os distribuidores do vírus. Vocês puseram o país no chão. Pior. A pedir; no último degrau da esquina da Europa e de chapéu roto na mão. Um país com mil anos de História, viagens, cultura e pergaminhos!...
Vocês venderam Portugal.
Estes sujeitos de hoje - que muito justamente insultamos - são o braço violento da «esmoler» Europa financeira. Os troncos da cobrança. Odiamo-los. MUITO. Roubam-nos todos os dias.
Mas essa condição e essa dependência começou e foi imposta com o vosso descalabro, o vosso corporativismo a vossa complacência.
Constâncio não sabia o que estava a acontecer? Todo o país sabia e o Banco de Portugal não?! Claro que sabia, mas quem viesse atrás que fechasse a porta.
O nojo que me dão é o mesmo.
Portanto o Acordai deve ser cantado no PAÍS todo, de alto a baixo.
Quantos Jardins, quantos Loureiros serão ainda necessários para que isto rebente e o país finalmente aprenda todos os velhos cantos das novas lutas, e a gente acorde finalmente por nós próprios, sem que ninguém nos mande?
Quem precisa de acordar é o povo. Esse é que anda adormecido.